Emocional

O resgate do paladar

Por 2 de abril de 2011 Sem comentários

Vivemos na época do fast food. E o próprio nome transliterado do inglês já nos induz a comermos bem depressa. Alguns restaurantes, na capital paulistana criam um ambiente com tudo para empurrar e apressar seus freqüentadores. Herança capitalista e consumista que convida a ingestão dos alimentos sem que se preste atenção no seu sabor. É preciso pressa. É preciso correr para produzir mais e consumir mais. Fico impressionada com tantas coisas e elaboração que se inventou para os alimentos, quando na verdade precisamos de bem pouco. Confundimos o prazer de comer com obesidade. Confundimos quantidade de alimentos com ansiedade. Não se tapa as faltas e os vazios da vida com comida. Há ainda aqueles que viveram a escassez ou a ausência total de alimentos em alguma fase da vida. E por uma questão de sobrevivência, aprenderam a comer rápido quando tinha alguma oportunidade, como se houvesse em si mesmos um reservatório para o armazenamento de alimentos. Quando chegou o tempo de fartura ou de maior disponibilidade do pão de cada dia, continuam comendo com tanta voracidade com o mesmo medo do passado, de que os suprimentos vão acabar. A única coisa que estes tipos de comportamentos conseguem é anestesiar as papilas gustativas de tal forma que os alimentos e bebidas são ingeridos sem a gustação possível, sentida pela língua, e que traz um prazer imenso a todo o corpo. Só se sente o gosto dos alimentos enquanto eles estão na boca. Saiu da boca não se tem mais o paladar. Quanto mais tempo na boca, se o gosto for prazeroso, mais tempo de prazer.

Dois outros órgãos do sentido que podem cooperar bastante com a gustação são o olfato e a visão. Porém, muitas vezes quem é privado da visão, desenvolve o paladar de forma mais acentuada e desfruta muito mais do prazer que um alimento pode dar.

Que tal, a partir de hoje começar a saborear cada alimento devagar, permitindo o resgate da ação de todo o esquema de gustação localizado na língua, destruído pela pressa e ansiedade? É melhor esperar para comer devagar e tranqüilo do que engolir rapidamente os alimentos sem nem saber o que está sendo ingerido. A verdade é que agindo assim comeremos bem menos e teremos um prazer maior. E mesmo aqueles que ainda são privados da abundância, o corpo se alimenta melhor enquanto o estoque de mantimentos demora mais para acabar.

Escrito por esther às 09h57

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