Emocional

Resgatando o Tato

Por 2 de abril de 2011 Sem comentários

“Vovó, você me faz massagem? Pediu meu neto de cinco anos na última noite em que dormiu na minha casa. E acrescentou: “É muito gostoso dormir com carinho nos pés!”

Era véspera do Natal de 2009 e eu estava muito cansada dos preparativos para a nossa ceia natalina, e por um momento pensei em recusar. Mas rapidamente me lembrei, da importância do toque no corpo humano, principalmente na criança, e respondi: “É pra já.” O de quatro anos também quis e assim que me sentei próximo ao local onde eles dormiriam, já tive os quatro pezinhos no meu colo, aguardando o tocar. Esta experiência tem se repetido sempre que eles estão por perto.

Tocar requer a presença por inteiro. Além do contato pele com pele é preciso que haja também a presença do pensamento e a percepção da sensação ao dar e ou receber o toque. Como é a textura da pele que estou em contato? É macia, lisa ou áspera? Como é a temperatura? Quente, fria ou gelada? Qual é o teor de umidade? Seca, normal, úmida? Como recebo ou dou este contato? Com prazer? Com ternura e carinho? Com o desejo de aliviar algum sofrimento? Enfim, é preciso que haja um afastar de qualquer outra atividade e uma concentração genuína no ato de tocar e ser tocado.

Na Bíblia, o primeiro toque que o corpo recebeu foi Divino. Para todas as coisas e para os animais Deus disse: “Haja”! Não foi assim com o ser humano. O relato bíblico diz, que Deus moldou com suas mãos o barro de onde surgiu o primeiro corpo masculino. E foi deste corpo já moldado com o toque dEle, que Deus fez o primeiro corpo feminino.

Cristo nunca se esquivou de tocar e ser tocado. Tocou as crianças, os doentes, inclusive os considerados doentes contagiosos. Recebeu o toque de Maria, com quem tinha uma amizade profunda, da prostituta arrependida e de João, discípulo e amigo que se inclinou sobre Seu peito na última ceia. Ele deu o exemplo de que tocar e ser tocado é fundamental para a saúde emocional. Lembro-me do livro: “As Boas Mulheres da China” quando a autora cita uma mulher, que no hospital percebe o tocar em seu braço das patinhas de uma mosca. Ela nunca tinha sido tocada. E o efeito daquela experiência foi tão gratificante que ela cria a mosca no hospital correndo o risco de ser contagiada por outras enfermidades.

Num mundo, onde há exagero no erotismo, o tocar, mesmo quando o toque é para se dar algum tipo de carinho ou conforto, pode parecer contaminado. Não podemos tocar as pessoas do mesmo sexo, nem do sexo oposto e muito menos as crianças. No entanto mais que uma vez, já ouvi confissões de pessoas que estavam sofrendo por se envolveram em relacionamentos sexuais proibidos, por uma razão ou outra, que a busca era apenas de aconchego e carinho.

O que acontece, que não sabemos separar um tocar apenas afetivo e amoroso de um toque com erotismo expressando desejo sexual?

A pele, como já sabemos, é o maior órgão do corpo humano. E é um condutor muito rápido, para o cérebro das sensações do toque. Diante de tamanha importância, é necessário que sondemos nossos corações para que conheçamos muito bem nossas motivações e também nossos bloqueios. Podemos ampliar e aprofundar nossas experiências no dar e receber o toque humano, principalmente para com as crianças. Mas se for necessário que busquemos ajuda e ou uma conversão genuína também dos nossos afetos, incluindo o tocar. E que Cristo seja nosso exemplo.

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